Hampi

Me disseram que Hampi é demais, mas eu não dei ouvidos..
é que não é pela beleza.. é pelo estilo de vida do povo, é pelas emoções de ta ha 200 metros de altura as 6h da manhã, esperando o sol nascer, sentado numa pedra, ouvindo aquele silencio com aquela paisagem inexplicavel. Eu to aprendendo aqui a ser grata pelo presente. Eu sempre fui do tipo que ou estava ansiosa pelo futuro ou saudosa do passado. Minha cabeça sempre fora da linha do tempo. Ou até mesmo, quandoo troço tava bom demais, eu só pensava.. aaai vou morrer de saudade, não quero que acabe.

Aqui eu to aprendendo a aproveitar e manter minha cabeça no agora. Eu disse pra uma menina que a India é pra quem gosta desse estilo de coisas diferentes e não pra quem prefere um guarda-roupa montado a uma experiência exótica. Mas to começando a achar o contrário.. porque eu não acho que essas experiências estejam mudando meu estilo de pensar e me comportar. Eu sempre tive prazer em me misturar em situações longe do meu mundinho. Mas pra quem nunca saiu do seu mundinho, isso aqui vale a pena.

Mas tem uma coisa que eu realmente to tendo que aprender a lidar. Eu sinto verdadeira agustia com pés sujos ou molhados, os dois então, é de judiar! Mas aqui não rola pés limpos e secos. Não rola mesmo, essa parte ta sendo dificil, mas aos pouquinhos eu to superando! hahaha eu sempre adorei andar descalço mas nao no chao sujo e molhado! But, ok, Im surviving..

Hampi é quase um vilarejo, minusculo. Parece aquelas cidades do sertão nordestino, rodeada de pedras e paisagens lindas! Ha uma semana atras o comércio foi todo distruido! eu não entendi bem ao certo, mas sei que o governo indiano quis acabar com a parte nova da cidade e manter apenas a parte antiga, historica, que são os mais de 80 templos que visitamos (alguns, nao todos). Mas a cidade está literalmente distruída.. sao destroços por todos os lados, triste de ver.. mesmo!

Nós ficamos hospedados numa pousada super simples, 100 rupias a diaria, ou seja uns 4 pila! hahah

Mas a hospitalidade e a comida da dona da pousada! Nossa! Eu poderia ficar la por uma semana.. lá é cheio cheio de turistas!

Na viagem fomos eu, o francis (canada), o francesco (itália), a mouna (marrocos), manjola (albânia), nicholas (frança) e adam (só deus sabe). O Adam e a Manjola tiveram um acidente de moto, nada grave, mas o Adam machucou feio o joelho e teve que voltar pra Bangalore pra levar uns pontinhos! a gente alugou umas motos pra andar e conhecer os temmplos, andar de moto é muito bom!! eu tentei dirigir, mas luiziei na hora H é obvio e decidi que nao nasci pra isso, sou muito melhor no banco de carona! Mas o Francis é meio louco (eu falei pra vocês o que ele fez no dia que a gente subiu na caixa d'água? nao né? ele parou bem na beiradinha do predio e disse: eu sempre quis fazer isso, foi um prazer conhecer voces, e pulou! O que ninguém sabia é que tinha um segundo andar em baixo, então ele não morreu o desgraçado! Mas voces podem imaginar o escandalo que eu fiz né? Sou pouco dramática e escandalosa, má quá morri quando vi aquilo! FDP! :)) continuando.. ele quase nos matou umas trocentas vezes tambem (momita que nao leia isso).

No meio do caminho, as crian;as corriam e gritavam: Hiii, Helloo, Ten rupees, Oii, Ten Rupees, Hello, pen for school.. aaah uns docinhos! Quando a gente parava a moto, vinha aquela tropa de piazada, ficava tudo em volta perguntando coisas no dialeto deles.. ai a gente perguntava: hello! whats your name? e a resposta era sempre a mesma: Ten rupees! (os 10 pila deles) ou Pen for school.. óum! eu vou comprar amanha um saco de canetas e caderninhos pra quando a gente viajar no norte, a gente vai distribuir!

sabe, é muito legal essa coisa de ver tanta coisa diferente, aquele mundo primitivo em que aquelas pessoas vivem, aqueles costumes inacreditáveis, aquelas casas "imoráveis", aqueles empregos sub-humanos.. é interessante olhar, é curioso. Mas ao mesmo tempo aquilo te gera um sentimento tão ruim.

Ontem, quando voltavamos da nossa ultima escalada a la James Bond, eu olhei pra uma senhora cega, agaixada naquele barro, imunda, com dentes literalmente podres, toda colorida e cheia de pinduricalhos, pedindo dinheiro com a mão esticada. Eu me senti um monstro por ta ali, olhando para aquela cena e não fazer nada. O que eu ia fazer? Eu podia dar todo o meu dnheiro pra ela, podia dar toda a minha roupa, eu não ia mudar a situação das coisas por ali, nem mesmo a situação daquela senhora. Qualquer dinheiro ou roupa não tem valor na vida dela.. ela vai seguir morando no mesmo lugar, vestindo as mesmas roupas e pedindo do mesmo jeito o dinheirinho dela no mesmo lugar. Não ia mudar, eu sei.. mas é impossível nao te sentir incapaz e fracassada numa situação dessas. Aí eu fiquei pensando na vida que todo aquele povo leva, é inacreditável que seres humanos possam viver naquelas situações! Aí me lembrei do Vag, o meniino que viajou com a gente esse final de semana.. ele mora em Hampi e conheceu o Francis na primeira vez que o Francis foi pra Hampi, ha tres semanas atras. Ele nos mostrou varios lugares lindos, ele é um amor. Tem 17 anos, nasceu em Bangalore e agora mora lá há 10 ou 9 anos se nao me engano. Um guri doce, queridao, eu vivia agarrada nele. Ele me lembrava o Lê, primo da Ju e da Mari, pelo jeitinho. Pensei nele pq ele tava ali convivendo com a gente todo esse tempo, mas em nenhum momento ele esteve no nosso lugar. Ele não era um viajante que tava se divertindo. Ele só tava mostrando pra nós o que pra ele era a vida dele. Ele vivia daquele jeito, ele sabia o que era estar do outro lado. Ele me deu um presentinho quando eu fui embora! amorzao! Me deu um mini-diariozinho de viagem com um elefante na capa, de couro, coisa mais amada! Me levou até a rodoviária e disse quando se despediu.. vou morrer de saudade (ele falou em português mesmo). Não sei quem ensinou, mas eu também vou!!!!

Foi um final de semana incrivel, com paisagens maravilhosas, com uma paz gigantesca, com experiências unicas e a primeira coisa que eu já sinto saudades.

some pictures:

Sunrise at 6:30am on the top of mountain

Um dos templos que visitamos depois de olhar o nascer do sol. Esses caras cantam por 12h seguidas, e eu poderia ficar ali 12h tranquilo. É uma paz tao gostosa..

Nossa amiguinha elefanta!

Hey Luisssa! (óum)

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