quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Último dia em Kashimira

Vocês lembram que eu falei daquele cara que ensinou o Francis a rezar na mesquita? Entao, no dia seguinte estávamos eu a Ju e o Francis caminhando na rua, quando encontramos esse mesmo cara com toda sua família dentro de uma van! Foi aquele auê né.. todo mundo queria tocar a gente. As crianças, coitadinhas, eram arrastadas pelo braço até a gente, morrendo de vergonha, e eram obrigadas a cumprimentar a gente. Pobrezinhas, sério.. aquelas mães pegavam com força no braço e gritavam com as crianças.. já comentei com vocês que aqui é auspicioso cumprimentar estrangeiro né? Certo que é..
Enfim, convidaram a gente pra ir jantar na casa deles. Eu e a Ju, bem nojetinhas que estavamos naquele dia, agradecemos e fomos pra nossa querida Lan House gastar nossas preciosas rupias comendo e falando com os macho na internet. Já o Francis, bem saidinho e inconsequente que é, topou. Eram 11h da noite e nada do Francis, eu já tava lá na porta do hostel (aé esqueci de contar! Trocamos nesse mesmo dia de casa. Descobrimos que estávamos pagando o dobro do preço normal e o Mushta tava enchendo o saco já querendo vender até a mãe dele se duvidar pra gente. Mas tchê! Indiano não entende NÃO.. ele acha que tu tá fazendo charminho, que no fundo tu tá é louca pra comprar ou pra sair com ele, enfim). Eu já tava na porta do hostel, esperando ele. Nossos telefones não pegavam lá, eu não fazia nem idéia pra onde o cara tinha levado nosso amigo. Mas quando era quase meia noite e eu ta tinha asteado um bandeira de luto na nossa janela, a pinta chegou. Faceiro da vida, cheio de comida pra gente! Já nem chinguei né, e já passei a amar aquela família que ha meia hora antes eu tinha difamado com todo o meu estoque de palavrões - e olha que não é pouco esse estoque. Uns doces maravilhosos (entre nós, o Francis trouxe uma caixa com 8.. eu comi 7! hahaha mas eram minusculos, como balinhas), uma maçã (também não entendi, deve ser tradição), uma noz (pra queeeeeee?), e um punhado de amendoin (?).. vai ver eles acham que eu nunca vi maçã, nozes e amendoim antes.
Em resumo (é eu sei, agora soou como uma piada vindo de mim que não sabe resumir nada), eles nos convidaram pra passear com eles no dia seguinte pelos jardins de Srinagar e dormir lá a nossa última noite, porque eu e o Francis iríamos seguir viagem até Agra pra ver o Taj antes de voltar. Já que ele sobreviveu e ainda trouxe comida, porque não? Ainda economizamos o dinheiro do hotel e do ricksaw que ia nos levar pra passear pela cidade.

Dia seguinte, la fomos nós! Visitamos uma mesquita, dei uma meditadinha básica lá dentro; fomos ver o time de sinuca do Omer - o tal do amigo do Francis que ensinou ele a rezar - tchê essa parte me deixou tão braba, mas já conto; almoçamos na casa deles - comida gostosa, mas principalmente a parte dos doces; encontramos o primo sem-noção do Omer e fomos everybody together visitar os jardins LINDOS de Srinagar.

Mesquita


Tchê! A parte da sinuca, quando nós entramos naquela sala com uns 20 homens indianos nos olhando famintose vi o Francis feliz da vida indo jogar uma partidinha com eles, enquanto eu e a Ju éramos devoradas com os olhos, eu desejei que Francis ficasse broxa pra sempre! Sério! Pra quê? Ele sabe como os homens indianos são..
O senhor do meu lado (técnico do time - ah meu pai) tava in love, pegou o celular dele e tirou no mínimo umas 10 fotos de mim com o celular na minha cara! Os outros homens ficavam estáticos olhando pra nós deslumbrados - como sabiamente descreveu o Lucien uma vez, é como se eu estivesse pelada no meio de uma construção de obras! Exatamente isso! Tantas vezes eu quis ser precisa quanto a essa sensação, e o Lucien tão inteligentemente achou as palavras perfeitas! hahah Foi aí que eu comecei a não suportar mais homens na India.. não mentira, nunca surportei, mas enfim.. foi o estopim! Era desconfortável demais, vocês não podem imaginar o que é isso todos os dias, em todos os lugares, com todos os homens, o tempo inteiro! Tá vontade de botar fogo na tua cara pra ver se eles param de te olhar com essas caras de cachorros famintos.. ai ai, desabafei :) agora posso voltar pro nosso passeio..

Depois do almoço fomos pros Jardins lindos, com templos e homens rezando e uma população incrível de indianos. aaaah mais indianos, mais homens mais olhares, mais gente em volta.. teve uma hora que eu e a Ju deitamos na grama pra descansar um pouco. 5 minutos e eu abri os olhos: levei até um susto.. tinha dezenas deles de pé em volta olhando pra gente.. como quem se pergunta: será que é de verdade? Eu tive um ataque de riso.. aquilo não podia ser verdade! PORQUE DEUS, PORQUE?




Deixamos a Ju em casa e fomos com as nossas troxinhas pra casa daquela família. Quando eu cheguei, era mais tocação.. tocavam meu cabelo, minhas mãos! As caras da mãe dele eram as melhores: me olhava com uma cara de quem diz: que que é isso aqui? Me analisava da cabeça aos pés com a testa franzida, me olhava e dava risada. Eu devo ser muito estranha mesmo. Me botaram sentada numa sala e os primeiros 5 minutos desejei com todas as forças que o Francis entrasse pela porta e me chamasse, porque fiquei sentada e todos em silêncio me olhando e sorrindo. Ninguém falava nada e ninguém falava inglês. Até que a menininha da casa - total hiperativa - começou a pentelhar (não era exatamente o que eu desejava naquele momento, mas ajudou a descontrair). Peguei o notebook, numa idéia genial de ligar pra minha mãe e mostrar aquela família louca pra ela e mostrar ela pra família louca! Aahh eles acharam o máximo e a momita? A momita chorou de emocionada, tão linda nha momita!


A pentelha é a que tá no meu colo e repara na mãe me olhando...

Depois disso a coisa ficou mais tranquila e fiquei mais a vontade. Então, quando eu estava escovando meus dentes, a mãe da casa chegou e me deu um par de brincos que eu adorei. Agradeci um monte. Aí ela começou a me olhar e fazer aquelas caras engraçadas dela e apontou pra minha mochila. Pediu pra eu abrir, e quando eu abri ela começou a tirar tudo de dentro.. olhava uma coisa, experimentava e fazia aquela cara engraçada, pedindo se eu podia dar pra ela. Não né! Eu só tinha comigo minhas compras da India (que não tinha lógica dar pra ela) e meus brincos mutcho loucos que ela nunca ia usar e que fazia sucessssssoo aqui na India. Prometi mandar pelo correio um presentinho pra ela que eu tivesse aqui em casa (Bangalore), antes que ela tivesse um infarto por eu não poder dar nada pra ela.

No dia seguinte, fomos cedo pro aeroporto (eu tava tão feliz de pegar um avião e não um ônibus caindo aos pedaços) e na saída ela me olhou e apontou pro Francis, fez aquele sinalzinho com a mão de pedir dinheiro e aí apontou pro filho dela, como quem diz: pede pra ele dar um dinheirinho pro meu filho. Sem comentários..

Chegamos felizes da vida na calorosa Delhi, desci do avião e já comecei a suar, goxxxxtoso! Fomos direto pra estação de trem.. nossa classe: Sleeper, a pior de todas. Só que Francis luiziou e comprou a passagem pro dia errado. Comprou pro dia 4 e era dia 3. O fiscal mandou a gente descer. Falei sem chance, não saio daqui nem a pau Durval! Aí o fiscal insistiu brabo, e o Francis disse.. não saio, tem lugar livre e vou no meio do vagão, mas não saio! "Tike, ok!", disse o fiscal com preguiça de discutir. Por isso não existem leis na India, eles tem preguiça de cumpri-las.

O vagão: mais uma viagem digna de filme! Tu até tem uma cama ali pra ti, mas todo mundo senta nela, então tu tem que te contentar com um cantinho do lado daquele indiano sedutor e galanteador que vai passar a viagem inteira te olhando com aquele olhar de certeza de que ele tá conseguindo te seduzir! É impressionante, porque os Augustinho Carrara (descrição perfeita para o estilo desses homens ma-ra-vi-lho-sos) tem certeza de que eles podem te seduzir. Aquele olhar 43 é de arrepiar.. (não temos vídeo do trem nesse dia, mas eu tenho um pra mostrar pra vocês do último dia, mas aí vão ter que esperar).

Tá chegamos em Agra.. Caindo o mundo e o Taj tava lotaaaado (dava pra ver da vista do restaurante onde fomos famintos devorar 3 pratos de comida). Mas nós decidimos ir no dia seguinte, bem cedo pra tentar ver o nascer do sol..

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